Nesse sábado, dia 1/11, teremos um encontro muito especial para comemorar o primeiro dia oficial de André Rebouças no calendário do Rio de Janeiro.
O evento acontecerá no armazém construído por ele, em frente ao Cais do Valongo, com diversas entidades comprometidas com a memória afro-brasileira.
Engenheiro abolicionista
André Pinto Rebouças foi um homem singular: intelectualmente avançado, mas profundamente comprometido com as urgências morais e sociais de seu tempo.
Reconhecido pela historiografia como o primeiro engenheiro negro do Brasil, destacou-se por obras de infraestrutura em diversas regiões do país e por sua atuação como professor da Escola Politécnica, onde ocupou a cátedra de Resistência dos Materiais.
Introduziu no Brasil a técnica do concreto armado, após estudos realizados na Europa, e foi um dos raros engenheiros da época a recusar terminantemente o uso de mão de obra escravizada em suas construções.
Como Diretor Cultural do Clube de Engenharia do Brasil, fundou a biblioteca da instituição — patrimônio que permanece vivo e acessível até hoje.
Entretanto, sua maior obra foi de natureza moral e política: a luta pela abolição da escravidão.
Rebouças foi uma das principais lideranças do movimento abolicionista, participando da fundação de associações, jornais e campanhas que articularam a libertação dos escravizados sem indenização aos senhores, enfrentando assim o núcleo mais duro dos interesses da elite agrária.
Em um contexto em que a sociedade brasileira aceitava como “suficientes” as leis do Ventre Livre e dos Sexagenários — reformas graduais que pretendiam prolongar a escravidão por décadas —, Rebouças e seus companheiros ousaram exigir o fim imediato e incondicional do cativeiro.
Foi ele, inclusive, quem redigiu a minuta da Lei Áurea, sancionada em 1888.
Mas a vitória teve um preço: perseguidos e marginalizados, muitos abolicionistas — entre eles Rebouças — foram empurrados ao exílio após o golpe militar de 1889, que restituiu o poder político à oligarquia derrotada pela abolição.
Rebouças terminou seus dias na Ilha da Madeira, em 1898, após ter trabalhado em projetos de engenharia no continente africano. Morreu aos 60 anos, na solidão dos justos que nasceram antes do seu tempo.
Organização:
Vereadora Thais Ferreira,
Fundação Palmares,
Clube de Engenharia do Brasil e
Força Motriz.


