A defesa intransigente das conquistas dos trabalhadores, do conteúdo nacional, das empresas de engenharia brasileiras e um objetivo claro de unir forças acima de partidos de forma a garantir um movimento que evite que o país ceda a forças conservadoras e retroceda em avanços e conquistas históricas da jovem democracia brasileira. Esses foram os pontos comuns das falas que se sucederam durante o Ato Pró Frente Nacional Popular e Democrática que lotou o auditório do 20º andar do Clube de Engenharia na noite do dia 29 de junho. Movimento político não partidário, a Frente tem como proposta reunir aqueles que lutam pela segurança institucional e aprofundamento da democracia, pela governança, pela recuperação da economia brasileira, pela defesa de nossa soberania e de riquezas nacionais, pela defesa dos interesses dos trabalhadores e assalariados em geral e pelo desenvolvimento com distribuição de renda.
Organizado pelo Clube de Engenharia, Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP), Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (CEBELA) e Movimento de Defesa da Economia Nacional (MODECON), o evento foi aberto pelo ex-governador Tarso Genro, um dos que ocupavam a mesa composta por diversas cores partidárias em nome de um objetivo comum. Tarso destacou que o país vive um desmonte da esfera política, da legitimidade dos partidos e um forte desgaste e dissolução do projeto democrático conquistado na Constituição de 1988. “Isso está claro na parcialidade da mídia e no cada vez mais evidente fascismo incrustado na cabeça de setores que têm patrocinado cenas de violência contra minorias e políticos. Tais cenas não são acidentes, mas compõem o caldo de uma cultura política de uma direita fascista que ascende no país”. O ex-governador apontou a necessidade de se costurar um programa democrático, progressista e transformador, inspirado nos ideais de justiça, igualdade e liberdade. Segundo ele, “esses valores estão sendo sucateados em todo mundo. O capital financeiro capturou os Estados e baixou a receita para destruir a esfera da política”.
A união de forças e a proposta de uma agenda objetiva também foram destacas pela deputada Jandira Feghali. “Não se faz política sozinho e a criação de Frentes faz parte da nossa construção política. Uma frente pela defesa da economia nacional e da Petrobras é fundamental agora. Não podemos permitir a destruição da imagem da empresa e do seu papel no desenvolvimento nacional. É preciso enfrentar os pilares macroeconômicos, reduzir juros, taxar grandes fortunas e lutar por reformas estruturais, como o fim do financiamento de campanha por empresas e a regulação da comunicação”, declarou. Jandira também apontou a necessidade de se lutar contra o conservadorismo que tomou conta do legislativo. O deputado Glauber Rocha destacou que ainda há resistência, mas que o grupo sofre, evidenciando a necessidade de uma frente popular. “Eu poderia citar a reversão que está sendo colocada para votação do Estatuto do Desarmamento ou a agenda já pronta para votação da modificação da demarcação das terras indígenas. Poderia falar que há poucas semanas não votamos a flexibilização da tortura por agentes de Estado porque, por poucos votos, conseguimos impedir aquela votação. Semanalmente temos enfrentado uma agenda que é preocupante para todo o Brasil e precisamos reagir”, finalizou.
Roberto Amaral fechou o evento convocando o povo brasileiro e os movimentos à unidade que, acima de partidos políticos, a sociedade pode consolidar um projeto de país que avança e luta contra os retrocessos. Entre parlamentares, entidades sindicais e associações de classe, intelectuais e acadêmicos, empresários, cientistas, juristas, jornalistas, advogados, estudantes e representantes da sociedade civil organizada, estavam presentes Francis Bogossian, presidente do Clube; Roberto Amaral, do IBEP; Lincoln Penna, do MODECON; ex-governador Tarso Genro; embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Marcello Lavenére, ex-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; Olímpio Alves dos Santos, do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (SENGE-RJ) e Clóvis Nascimento, presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge).