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Mudanças climáticas e transformações na matriz energética brasileira

Mudanças climáticas e transformações na matriz energética brasileira linhas de transmissao foto furnas
Foto: Furnas

Os impactos das mudanças climáticas devem abranger não apenas o meio ambiente, mas a própria organização da vida em sociedade como um todo — um exemplo é a produção e distribuição de energia elétrica. Para tratar do tema, o Clube de Engenharia recebeu, no dia 26 de setembro, a palestra “Reflexões sobre o Impacto das Mudanças Climáticas em Sistemas de Energia Elétrica”, ministrada por Albert Melo, engenheiro eletricista, doutor em Ciências em Engenharia Elétrica (PUC-Rio) e professor adjunto do Instituto de Matemática e Estatística da UERJ.

Melo, que é ex-diretor-geral do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) e membro da Academia Nacional de Engenharia, explicou que o Acordo do Clima de Paris, assinado por líderes mundiais em 2015, surgiu a partir da crescente importância do debate sobre mudanças climáticas no âmbito da política internacional. O professor mostrou modelos que buscam estimar a concentração de Gases do Efeito Estufa na atmosfera no futuro levando em consideração as taxas de crescimento atuais. Tais modelos, que apontam as implicações ambientais para diferentes cenários — como crescimento contínuo ou estabilização da concentração dos gases —, são valiosos na proposição de políticas, embora esta não seja uma tarefa fácil. “Há incertezas quando esses cenários são colocados nos diversos modelos, diversos tempos, no Brasil e no mundo, para estimar modelos de circulação geral da atmosfera. Essas incertezas causam impacto significativo no estabelecimento de políticas públicas”, afirmou.

“Como se preparar para reduzir ou gerenciar essa concentração de Gases do Efeito Estufa?”, indagou o professor, citando como exemplo a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono. No que diz respeito à matriz energética, ele lembrou que dois terços da concentração de gás do efeito estufa na atmosfera vêm do setor energético. A razão disso, explicou, é que a participação de fontes renováveis na matriz energética mundial em 2017 estava na faixa de 14%, consideravelmente abaixo do cenário brasileiro, em que 40% da matriz já vem de renováveis, principalmente a energia hidrelétrica.

Apesar de positivo, é importante levar em consideração que essa característica da matriz brasileira poderá mostrar fragilidades no futuro, uma vez que as mudanças climáticas devem afetar, inclusive, a disponibilidade de recursos hídricos no mundo. Tal dinâmica, portanto, afetaria significativamente o Brasil, de modo que o debate sobre as transformações na matriz energética no país deve considerar a necessidade de mais diversificação em um contexto de 30 ou 50 anos no futuro.

O evento foi promovido pela Academia Nacional de Engenharia (ANE), com apoio do Clube de Engenharia e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RJ).

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