Agências climáticas, cientistas e pesquisadores estão cada vez mais convencidos de que as mudanças climáticas são consequência do aquecimento global. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas, afirma inclusive, com 95% de certeza, que o aumento da temperatura na Terra está sendo causado pela ação do homem. No Brasil, as mudanças no uso do solo e o desmatamento são responsáveis pela maior parte das emissões, levando o país a ser um dos líderes mundiais em emissões de gases de efeito estufa.
Preocupado com o tema e sua relação com a crise hídrica pela qual passa o Brasil, o Clube de Engenharia apresentou nesta quinta-feira, 19 de março, a palestra “Mudanças Climáticas, Novas Tecnologias e a Engenharia Brasileira”.
O chefe da Divisão de Engenharia do Ambiente (DEA), Ibá Santos Silva, fez a abertura do evento lembrando a importância do governo colocar em prática os programas de industrialização do Nordeste para evitar um inchaço maior nas regiões que sofrem com a seca no Sudeste do país. Aproveitou, ainda, para destacar a necessidade em se desenvolver tecnologia nacional para uma manutenção sustentável desses programas.
O palestrante da noite, João Gabriel Diniz Santos, biólogo e Líder da Fundação Climate Reality Project, então parceiro no Brasil do ex-vice-presidente dos Estados Unidos e prêmio Nobel, Al Gore, deu início à palestra afirmando que não há, como dizem, escassez de água, o que está acontecendo é uma mudança no ciclo hidrológico. O desmatamento estaria afetando, em particular, o fluxo dos chamados flying rivers (rios voadores), que influenciam o volume e a localização das chuvas que caem em cada região. É como se houvessem verdadeiros rios flutuantes na atmosfera, justamente nas regiões de maior convergência, desorientando a natureza e o que se verifica são lugares com extrema seca e outros com inundações.
O biólogo mostrou em slides alguns eventos, como tempestades de areia e furacões nos Estados Unidos, enchentes e secas no Brasil. “O estado do Rio de Janeiro já teve uma perda, devido à carência hídrica, de 17% da produção agrícola”, alertou.
João Gabriel deu destaque ainda às questões do desmatamento da Amazônia, que, segundo ele, precisa ser enfrentado com maior rigor, das falhas de planejamento e gestão dos governos e da necessidade de investimentos crescentes em fontes alternativas de energia e de uma maior participação da sociedade nas questões ambientais.
“Nós temos um potencial maravilhoso, tanto eólico, quanto solar, ainda pouco explorado. No Brasil já existem empresas que estão desenvolvendo aerogeradores nacionais, com tecnologia e materiais nacionais”.