Cerimônia em Angra dos Reis marca o lançamento da segunda licitação do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras e a assinatura de Protocolos de Intenções para o reaproveitamento de plataformas
Uma boa notícia para a indústria naval brasileira foi celebrada nesta segunda-feira (17) com o lançamento da segunda licitação do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras e a assinatura de Protocolos de Intenções para o reaproveitamento de plataformas da companhia que estão em fase de desmobilização. Numa cerimônia realizada em Angra dos Reis, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi ressaltado o compromisso do governo com o setor e o conteúdo nacional. O evento contou também com a participação de representantes dos trabalhadores, de empresários e de líderes da sociedade civil, entre eles o presidente do Clube de Engenharia do Brasil, Francis Bogossian, e a vice-presidente da entidade, Olga Simbalista.
“A nossa ideia de colocar as coisas nacionais, fabricadas pelas nossas empresas, nos nossos navios, na nossa plataforma, na nossa refinaria, é uma missão que a gente vai cumprir a cada dia. Porque nós precisamos ter consciência que um país só será soberano quando o povo tiver orgulho, não só do seu país, mas daquilo que faz, daquilo que ele acredita”, afirmou Lula.
Na cerimônia realizada no Terminal Almirante Maximiliano da Fonseca. da Transpetro, o presidente ressaltou que é preciso assumir a responsabilidade de defender com mais coragem aquilo que se acredita.
“Não é o Brasil que é da Petrobras, é a Petrobras que é do Brasil. Vamos continuar construindo navio, construindo sonda, construindo plataforma, pesquisando, produzindo e refinando petróleo”, destacou.
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MAIS GLP
A licitação pública internacional lançada pela Transpetro, para a aquisição de oito navios gaseiros com capacidades de 7 mil, 10 mil e 14 mil metros cúbicos, integra o Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras, que teve início em julho de 2024 e concluiu em janeiro a contratação de quatro navios da classe handy. Com a contratação, sobe de seis para 14 o número de navios da frota de gaseiros, ampliando a capacidade de transporte de 36 mil para até 108 mil metros cúbicos.
“Não tenham nenhuma dúvida, nós vamos liderar uma transição energética justa no país. Isso é um reaquecimento da indústria nacional brasileira. Nós estamos também assinando protocolos de intenção para reaproveitamento de plataformas Petrobras que estão em fase de desmobilização. Não queremos jogar navios fora, queremos aproveitar esses navios e queremos que eles sejam úteis. Queremos que eles sejam úteis, queremos que eles sejam reaproveitados e queremos que esse reaproveitamento aconteça nos estaleiros nacionais”, assegurou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
Ela defendeu a realização de uma “transição energética justa”, liderada pela Petrobras e um exemplo desse propósito é o reaproveitamento dos navios. A presidente da companhia também aproveitou o momento para fazer uma prestação de contas de sua gestão, em que a estatal está “pisando no acelerador”. O Plano Estratégico 2025-2029 prevê US$ 111 bilhões em investimentos, nesse quinquênio, com performance de 100% do previsto contra 70% no governo anterior. Em 2024, a Petrobras foi responsável por operar 90% da exploração de petróleo no país. No balanço, ela destacou também que a Petrobras, que contribuiu com R$ 257 bilhões em tributos, forneceu 31% de toda energia primária consumida no Brasil.
Magda Chambriard deu exemplos de como a nova política de encomendas já movimenta a indústria nacional, citando o lançamento recente do navio-plataforma Almirante Tamandaré, considerado o maior do Brasil, com capacidade de 225 mil barris por dia, reforçando a operação do campo de Búzios do Pré-Sal.
Rosangela Buzanelli, representante dos trabalhadores no Conselho Administrativo da Petrobras, lembrou o desmantelamento da indústria naval e da engenharia nacional promovido pela Operação Lava-Jato, a partir de 2014.
“É importante que cada um de nós, petroleiras e petroleiros, cidadãs e cidadãos brasileiros, e empresários tenham muito claro que só é possível esse resgate, que o Brasil só recupera a economia, com políticas públicas de um governo que tenha compromisso com o Brasil, como a política de conteúdo local”, afirmou Rosangela.
“A indústria naval é soberania nacional, é tecnologia, é estratégica, é desenvolvimento, está na vanguarda da ciência e gera dezenas de milhares de empregos. A Petrobras é um orgulho do Brasil”, frisou o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A contratação triplica a capacidade da Transpetro de transportar GLP e derivados e permite que a companhia carregue amônia. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o evento marca o fortalecimento da indústria nacional e estimula ainda mais a reindustrialização do país.
“O crescimento vem da retomada de políticas para a cadeia dessa indústria que foi desmantelada no governo anterior. Significa retomar o crescimento da exploração de petróleo, gás natural e fertilizantes. Significa apostar no aumento do conteúdo local. Significa garantir soberania, garantir segurança energética e segurança alimentar”, disse.
Na visão do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, a expectativa é que essas iniciativas impulsionem a geração de emprego de qualidade. “É o que nós estamos precisando. E a Petrobras tem um papel importante que é liderar o processo de renda no país. Nós estamos falando de um crescimento da renda, da massa salarial para sustentar o crescimento da economia com sustentabilidade. Seguramente a Petrobras e seus segmentos, seus fornecedores, podem e colaboram muito”, resumiu.
LICITAÇÃO
Um dos lotes da licitação contempla cinco navios, sendo três embarcações de 7 mil metros cúbicos e duas de 14 mil metros cúbicos de capacidade. Esses gaseiros serão do tipo pressurizado, destinados ao transporte de GLP e derivados. Já o outro lote contempla a aquisição de três navios com capacidade de 10 mil metros cúbicos, do tipo semirefrigerado, que poderão carregar amônia.
As empresas interessadas têm 90 dias para apresentar as propostas. De acordo com o cronograma, o primeiro navio deve ser lançado em até 30 meses após a formalização do contrato. Os demais devem ser entregues sucessivamente a cada seis meses. Os futuros gaseiros serão até 20% mais eficientes em termos de consumo, propiciarão redução de 30% nas emissões de Gases do Efeito Estufa e estarão aptos para atuar em portos eletrificados.