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Sustentabilidade energética e financeira

Um debate amplo, que englobou questões financeiras, energéticas, de consumo, de governança e transparência política trouxe ao Clube de Engenharia, em parceria com a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), a economista Maria Lucia Fattorelli, do movimento Auditoria Cidadão da Dívida; o físico Luiz Pinguelli Rosa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Fernando Siqueira, vice-presidente do Clube de Engenharia e da AEPET e Francis Bogossian, presidente do Clube.

Pinguelli destacou a má distribuição de renda no país e no mundo e o mito de que a sociedade da informática gasta menos energia. “Existe um mito de que a nossa sociedade eletrônica, digital, desmaterializada é sustentável, esquecendo que os aparelhos foram antes produzidos. Gastou-se energia para fazer. Isso tudo com um índice de obsolescência altíssimo. Nada é feito para durar mais de três anos e isso tudo gasta muita energia”. A energia também foi o foco da exposição de Siqueira, que falou do que chamou de “dependência irresponsável” do petróleo, que além de poluente, é finito. “Precisaríamos de cerca de 30 anos de intensos investimentos em pesquisas para substituirmos essa dependência. É por isso que é importante usarmos com todo cuidado e atenção o petróleo que ainda nos resta, já que somos obrigados a conviver com ele”. Siqueira alertou para a necessidade de que o ritmo de produção seja definido pelas necessidades do país e não pelos interesses financeiros e a importância de não fazer concessões à segurança em nome do lucro. “É preciso que essa produção seja feita exclusivamente pela Petrobras, uma empresa estatal, que investe na tecnologia nacional e tem o controle da população brasileira”.

Maria Lucia Fattorelli expos as nuances das armadilhas do mercado financeiro e da dívida pública nacional, que hoje engole quase 50% do orçamento geral da união, sangrando recursos preciosos da sociedade e mantendo o Brasil, a sexta economia mundial, com a 3ª pior distribuição de renda e no 84º lugar no que se refere ao respeito aos direitos humanos. Fattorelli também falou da necessidade da amplitude do debate: “Falar de sustentabilidade é falar da vida do planeta como um todo. É um equívoco achar que ela está ligada apenas à questão ambiental. O setor financeiro se sobrepôs a tudo e o mundo gira para levar cada vez mais recursos para esse setor enquanto 10 milhões de pessoas passam fome no Brasil. A financeirização está tão exacerbada, domina tudo de tal maneira, que nem mesmo as informações que chegam até nós pela grande mídia escapam desse controle. Garantir a vida digna no planeta é compreender o tabuleiro inteiro e todos os seus atores”.

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