“O aquecimento global é também resultado da atividade humana”, afirma físico

Em 2011, o físico e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Moysés Nussenzveig, lançou o livro O Futuro da Terra, pela editora FGV. Na publicação, Moysés indica que, após muita dedicação e pesquisa, chegou-se à conclusão de que o aquecimento global é, em grande parte, resultado da atividade humana. O livro traz questionamentos sobre como atenuar as consequências dessa ação humana destrutiva.

Moysés falou sobre o assunto durante a sessão do Conselho Diretor do Clube de Engenharia do dia 10/2. O professor doutor, que já foi pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, de 1962 a 1968, atuou na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Retornando ao Brasil, foi professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e da UFRJ, onde é professor emérito até hoje.

Na palestra, o físico apontou sinais claros de que a temperatura no planeta tem atingido níveis preocupantes, afetando diretamente o cotidiano das pessoas e causando desequilíbrio. “Das dez maiores temperaturas registradas no mundo recentemente, nove estavam no Brasil, e cinco no Rio de Janeiro, enquanto nevava em locais onde não se costuma ver nevasca com frequência”, relatou. Trazendo abordagens presentes em duas publicações britânicas sobre clima, sustentabilidade e energia, Moysés registrou a dificuldade de convencer as autoridades a discutir o tema. “Não são assuntos sobre os quais os políticos gostem de falar, pois isso mexe com modelos de desenvolvimento”, disse.

Explicando sobre as mudanças de temperatura na superfície da Terra, ele trouxe os principais fenômenos identificados pelos cientistas nos últimos anos. “Noites mais quentes e poucos dias frios na maioria das áreas terrestres, ondas de calor com frequência e duração crescentes, eventos de precipitação excepcional com frequência e densidade crescentes, ciclones tropicais, incidência aumentada de magnitude de nível do mar (provocando tsunamis, por exemplo), são alguns dos principais fenômenos”, enumerou.

Moysés tratou, ainda, da importância dos oceanos como reguladores e centros de armazenamento térmico, influenciando em todas as partes do planeta. “Nas últimas duas décadas, a cobertura de gelo tanto no norte da Groenlândia como do sul do Antártico vem perdendo massa. O gelo do Ártico Norte continua a decrescer em quantidade. Tudo isso acompanhado do aumento do nível do mar e do gás carbônico, como mostram dados desde 1960”, explicou.

Para o chefe da Divisão Técnica de Meio Ambiente (DEA), Ibá dos Santos Silva, é importante ressaltar o papel do Brasil neste processo de estudos e propostas para mitigar o problema do clima. “É possível construir outro modelo, como discutimos isso na Rio +20. O Brasil foi apontado como o principal país a fornecer um novo paradigma de desenvolvimento com uso sustentável de água, energia, com reflorestamento e sustentabilidade”, argumentou.

A conclusão de Nussenzveig, embora não seja consensual entre os cientistas, indica que a influência humana é clara, por todas as fontes possíveis. “Entre as fontes estão as amostras de gelo (cilindros profundos retirados de locais onde há acúmulo de geleira). A análise das bolhas de ar acumuladas nesses cilindros serve para comparar o clima de centenas de anos atrás com o de hoje”, explicou. O professor também afirmou que é possível atenuar este processo de mudança climática se começarmos a reduzir a emissão de gases de efeito estufa o quanto antes. “Percebendo as origens do aquecimento global e seus efeitos sobre o clima, a produção de alimentos e de energia, é possível se discutir também as medidas a serem adotadas para tentar mitigar esses efeitos”, arrematou.

 

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