Foto: Sondotécnica.

É com profundo pesar que a Sondotécnica comunica o falecimento de seu sócio-fundador, Jaime Rotstein.

O momento é particularmente doloroso para os colaboradores da empresa, que se habituaram a conviver todos os dias, 365 dias por ano, com alguém que era, a um só tempo, líder e inspiração dos que fizeram da Sondotécnica um dos motivos de orgulho da engenharia brasileira.

Foi uma vida inteira dedicada a colocar de pé um sonho, que se materializou ao longo de 65 anos e que se confunde com a trajetória pessoal de quem procurou conciliar a prosperidade da companhia com o desenvolvimento do Brasil.

“É dever do homem de bem trabalhar em prol da sociedade, querer mais, buscar o conhecimento, deixar um legado para nossas gerações futuras”, afirmou certa vez.

Jaime Rotstein fundou a Sondotécnica quando contava 26 anos, em 1954.

Desde então, a empresa firmou entre seus pares a reputação de uma das mais importantes consultorias de engenharia do país com projetos assinados em áreas como transporte, saneamento, hidráulica, meio ambiente, petróleo e gás e eletricidade, entre outros.

A atuação se estendeu a dezenas de países e contribuiu largamente para o reconhecimento em âmbito mundial dos padrões de excelência dos profissionais brasileiros. O que poderia ser apenas a trajetória comum de um empresário bem-sucedido tornou se um exemplo de dedicação, colaboração e trabalho contínuo em prol do crescimento do país.

Jaime Rotstein começou a trabalhar com apenas 11 anos, não apenas para ajudar nas despesas de casa, mas também por possuir um forte espírito empreendedor. Sua performance acadêmica chamou atenção de professores da Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro e de importantes profissionais do mercado, com os quais trabalharia mais tarde.

Ainda frequentava as salas de aula da Escola Nacional de Engenharia, quando se engajou na campanha “O Petróleo é nosso”. Também assumiu posições de liderança em assuntos vitais para os interesses do Brasil, como a Campanha de Defesa de Engenharia, a qual resultou no decreto (64.345 de 10/04/1969) que fundamentou a categoria.

Ganhou o apelido de Mr. Know-How ao cursar a Escola Superior de Guerra em 1965. Criou a Associação Brasileira de Engenharia e Saneamento, que se transformou na Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES), recebendo o título de Patrono da Memória da Engenharia Sanitária e Ambiental em 1999.

Teve destacada atuação na defesa do uso intensivo do álcool combustível, recebendo em 1983 o título de Pioneiro do Álcool Carburante, conferido pelo Instituto de Engenharia de São Paulo.

Em 1986, foi nomeado pelo Presidente da República, José Sarney, para a Comissão Nacional de Energia, por notório saber e ilibada reputação. Em março de 1999, foi eleito para o Conselho de Administração da Petrobras e da BR Distribuidora, oportunidade em que defendeu o aproveitamento máximo do petróleo pesado brasileiro a ser refinado no Brasil. Ainda em 1999, integrou o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro.

Jaime Rotstein também teve intensa atividade no Clube de Engenharia. Foi vice-presidente entre 1967 e 1970 e passou para segundo vice-presidente em 1970, até 1973, tendo ocupado os cargos na gestão de Hélio de Almeida. Voltou a participar do Clube integrando o Conselho Diretor no triênio de 2013 a 2016. Recebeu, em 2011, o prêmio de Eminente Engenheiro.

Além de uma destacada vida empresarial e pública, Jaime Rotstein participou de dezenas de conferências, mesas-redondas e programas de TV no Brasil e no exterior. Escreveu diversos artigos e publicou 16 livros que dão forma a suas ideias e visão de mundo.

Sua esposa, filhas, netos, bisnetos e familiares associam-se aos colaboradores da Sondotécnica no pesar pelo falecimento do marido, pai, avô e bisavô. E pedem licença para prestar uma última homenagem a quem também cultivou grande paixão pela literatura e pelas artes em geral. Talvez o poema de João Cabral de Melo Neto, “O Engenheiro”, sintetize um pouco da trajetória única deste grande realizador.

O Engenheiro

A  Antônio B. Baltar

A luz, o sol, o ar livre

envolvem o sonho do engenheiro.

O engenheiro sonha coisas claras:

superfícies, tênis, um copo de água.

 

O lápis, o esquadro, o papel;

o desenho, o projeto, o número:

o engenheiro pensa o mundo justo,

mundo que nenhum véu encobre.

 

(Em certas tardes nós subíamos

ao edifício. A cidade diária,

como um jornal que todos liam,

ganhava um pulmão de cimento e vidro).

 

A água, o vento, a claridade

de um lado o rio, no alto as nuvens,

situavam na natureza o edifício

crescendo de suas forças simples.

Publicado no livro “O Engenheiro”, em 1945.

Em 2019, a Sondotécnica completou 65 anos. O grande desafio agora será manter vivos os ideais e a capacidade de realização de Jaime Rotstein. Os colaboradores e parceiros podem estar certos de que assim será. A companhia se manterá fiel a seu planejamento de expansão e crescimento com solidez e responsabilidade e de forma a contribuir permanentemente para o desenvolvimento do Brasil.

A Sondotécnica nunca deixará de pensar o mundo justo, mundo que nenhum véu encobre.

A família pede que não sejam enviadas flores.

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