Engenheira Margarida Lima contribui com seu depoimento para o Memória Oral

Conselheira vitalícia do Clube participou de momentos cruciais da história da entidade e exalta papel do lugar como difusor de conhecimento

O Projeto Memória Oral, do Clube de Engenharia, acaba de gravar mais um depoimento para o acervo da entidade. A engenheira civil e conselheira vitalícia Margarida Lima colaborou com esse importante instrumento de preservação histórica, falando de sua carreira e de sua participação nas atividades da Casa desde o fim dos anos 1960. Ela ressaltou a contribuição constante da instituição para o progresso técnico da Engenharia nacional dada pelas divisões e por palestras, seminários e cursos.

A conselheira relembrou os tempos de estudante na antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ), época em que, segundo ela, era fundamental para os universitários se associarem ao Clube. A entidade era uma espécie de extensão da faculdade e os próprios professores incentivaram a filiação. Num período em que havia projetos de grande porte em execução no país, a oportunidade de fazer contatos também era única e dessas interações poderiam surgir convites para participar dessas obras.

No entanto, o período inicial de Margarida no Clube também foi marcado pelo autoritarismo do regime militar. Apesar de a entidade ter sido marcada sempre pelo espírito democrático, muitos jovens sofreram perseguição fora pelos seus posicionamentos.

“Frequentar o Clube era uma questão também de conhecer pessoas importantes na Engenharia. Conhecer pessoas que tinham feito muitas coisas necessárias para o país, para a cidade. Então, desde que entrei para o quarto ano, me tornei sócia daqui”, conta Margarida.

Seus conhecimentos especializados na área geotécnica a levaram a participar mais ativamente das discussões desse setor, principalmente quando voltou a morar no Rio de Janeiro, na década de 1980, mas sua colaboração para a entidade vem abrangendo vários aspectos da infraestrutura brasileira em geral. Aos 77 anos, ela consolidou uma sólida carreira no campo profissional e acadêmico e continua contribuindo com as atividades do Clube e pensando o futuro da Engenharia.

Além de formada pela antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ) , Margarida tem especialização em Gerenciamento de Projetos pela UFF e pós-graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental pela UERJ. A engenheira tem metrado em Sistemas de Gestão pela UFF (2004). Ela atuou na Companhia do Metropolitano de São Paulo, Sabesp, ENGE-RIO, Valec e Companhia Vale do Rio Doce, entre outras, bem como prestou consultoria e coordenou diversos projetos ligados à geologia e meio ambiente.

Segundo ela, o Clube incorporou um conhecimento técnico valiosíssimo através da participação de profissionais que atuaram nesses grandes projetos do passado como o de Carajás, em que ela própria atuou. Ao mesmo tempo em que jovens aprendiam nos anos 1980 e 90 sobre geotécnica, técnicas de construção de barragens, entre outros temas, também dialogavam sobre os rumos do país que se deparava com um rápido processo de privatizações.

“O Clube de Engenharia sempre teve uma abertura muito grande entre nós. A democracia sempre existiu aqui dentro. É claro que debatíamos. Éramos vozes que faziam artigos, participávamos de ações com outras entidades, como OAB e ABI e outras. O Clube nunca foi indiferente a nenhuma situação dessas nem no município, nem no estado, nem no país”, comentou Margarida.

O depoimento serviu de oportunidade para a engenheira falar sobre a necessidade de se manter a qualidade da formação dos estudantes e de estimular sua participação e consciência crítica. Ela aposta numa maior conexão do Clube com os jovens para sua renovação e para manter seu protagonismo. Margarida também fez um balanço de sua experiência como mulher numa atividade sempre de predominância masculina e de seu papel como mãe. Uma experiência de vida única que sem dúvida vale a pena ser conhecida.

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