Iniciativa internacional tem na UFRJ um núcleo produtivo formado por estudantes de Engenharia
Comunidades carentes do Rio de Janeiro vêm melhorando sua qualidade de vida com a ajuda de projetos implementados por estudantes de Engenharia da UFRJ. Eles se vincularam ao Enactus, um movimento internacional já presente em mais de 30 países, que procura incentivar ações empreendedoras e de caráter social pelo mundo. Para explicar como essa rede funciona e a atuação dos estudantes da Escola Politécnica, da Ilha do Fundão, foi convidada pelo Clube a professora Maria Alice Ferrucio da Rocha, Diretora Adjunta de Carreira e Empreendedorismo da unidade. Ela participou do Encontros com Tecnologia de julho, explicando os avanços do projeto na faculdade nos últimos 14 anos.
Além de estudantes de diversas graduações, o Enactus conta com a participação de empresas que adotam iniciativas de cunho socioambiental. Conforme contou a professora, os alunos que se integram nesse projeto de extensão e de iniciação científica têm a oportunidade de visitar essas companhias, grande parte delas multinacionais, e conhecer suas ações junto a comunidades.
Além de passarem por um processo seletivo, os projetos desenvolvidos pelos alunos entram também numa competição nacional anual. Este ano, universitários de todo o país apresentaram suas ideias em quatro dias de evento em São Paulo (SP), entre os dias 16 e 19 de julho.
Ao todo, o Enactus apoia mais de 180 projetos no país, envolvendo mais de 3 mil estudantes. Na prática, as ações já estão melhorando a vida de 83 mil pessoas. É uma iniciativa que ajuda no aprendizado, gera um legado para as comunidades e tem um forte impacto social. No entanto, toda a verba é destinada aos gastos e investimentos dos projetos e há uma rigorosa prestação de contas junto à entidade e aos patrocinadores.
A professora apresentou alguns dos projetos desenvolvidos pelos alunos da Politécnica. Entre eles, está a criação de uma horta comunitária no alto do morro Santa Marta, em Botafogo, num terreno onde antes era um lixão. O lugar ainda não produz legumes e verduras nas quantidades desejadas, mas a iniciativa está avançando. Já conseguiu até apoio da Embrapa, que ensinou aos moradores técnicas de fabricação de tinta usando diferentes cores de terra. Os participantes pintaram com grafites o muro do terreno. Com o viveiro de mudas, a limpeza e a arte, o ponto virou parada obrigatória de turistas que passam pela estrada que leva ao mirante Dona Marta.
“Esse projeto Santa Horta vem recebendo visitas de outros grupos de estudantes, que aprendem ali como ele vem sendo implementado e levam essa ideia até para outros países”, contou Maria Alice Ferrucio da Rocha.
Projeto parecido está sendo implementado na comunidade do Parque Arará, em Benfica, na Zona Norte do Rio. Mas lá, além de uma horta, os moradores estão sendo beneficiados também com a instalação de tetos verdes nas lajes das casas, o que tem a dupla vantagem de refrescar as habitações e produzir alimentos. O projeto também tem o mérito de diminuir a distância da chamada “cidade partida” entre pobres e ricos, ao proporcionar uma interação pouco comum na sociedade.
