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Memórias da Escola Politécnica

Memórias da Escola Politécnica f38 1932
O professor Helói Moreira, ex-presidente do Clube de Engenharia, ex-diretor da Escola Politécnica e presidente da Associação dos Antigos Alunos da Politécnica (A3P). Foto: Fernando Alvim

No dia 17 de dezembro, exatamente 227 anos depois da criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, considerada a origem formal do ensino da Engenharia no Brasil, o professor Helói José Fernandes Moreira, lançou, no Clube de Engenharia, o livro “Memórias da Escola Politécnica II”.

O ex-presidente do Clube de Engenharia, ex-diretor da Escola Politécnica e presidente da Associação dos Antigos Alunos da Politécnica (A3P) foi o organizador dos textos assinados por ex-alunos da escola formados entre 1954 e 2017. São 71 trabalhos de 56 “antigos alunos”, como o professor prefere chamar os egressos da Politécnica, que contribuíram com a obra, quando, em 2017, aconteceram as comemorações de 225 anos do ensino da Engenharia no Brasil. “Na ocasião foi produzido um DVD sobre as memórias da Escola e me comprometi a organizar este livro. A vida passou, muito aconteceu desde então e, hoje, estamos cumprindo o compromisso assumido com a direção da Escola”, comemora Helói.

O livro “Memórias da Escola Politécnica”, do professor Paulo Pardal, lançado em 1984, retratou professores da primeira metade do século XX. O livro “Memórias da Escola Politécnica II” trata dos docentes da segunda metade do século. Os recursos provenientes da venda da publicação serão revertidos para a A3P, com 50% já garantidos para investimentos em bolsas de estudo para os alunos.

Memórias da Escola Politécnica livropoliResgate fundamental
O trabalho vem se somar a uma vasta historiografia que retrata diferentes aspectos e épocas da Escola Politécnica. Obras completas, capítulos inteiros, trabalhos acadêmicos contam essa história que começa em 1792 e, mais tarde, com a presença da família real, segue em frente. “Em 1810 a Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho foi transformada em Academia Real Militar. Em 1812 as aulas são transferidas da Casa do Trem para os fundos do prédio que estava sendo construído para ser a nova Sé e foi transformado na Academia Militar”, lembra Helói.

A história segue com a criação da Escola Central, em 1858, que deu início à divisão entre o ensino da engenharia civil e militar. Em 1874 a Escola Central é transformada em Escola Politécnica. “Em 1937, Getúlio Vargas, preparando a nação para o golpe de Estado no final do ano cria as instituições nacionais, incluindo a Universidade do Brasil. A primeira turma na Cidade Universitária é de 1966, quando a escola passa a se chamar ‘Escola de Engenharia da UFRJ’. Em 2004, finalmente, a entidade retoma seu nome original, ‘Escola Politécnica’, como instituição civil”, conta Helói.

Embora datas sejam importantes, bem como todos os fatos oficiais e documentos que os registram, um resgate histórico completo, segundo o professor, precisa do olhar dos personagens que nela atuaram e ainda atuam. “São pessoas que tiveram o privilégio de vivenciar os acontecimentos ocorridos no dia a dia, podendo testemunhá-los, sejam eles protagonistas ou não”, destaca.

Para reunir o material que originou o livro, o organizador usou a força das redes sociais. Através dos perfis da UFRJ, alunos e ex-alunos foram convidados a escrever algumas poucas linhas sobre seus professores, em especial os que se tornaram seus mestres inesquecíveis. “Assim, o nome desses professores ficariam gravados na história da Escola e os que contribuíram para o resgate se transformaram em protagonistas na guarda dessa memória”.

Raízes da Engenharia
A contribuição de Helói se encaixa em um projeto contínuo que precisa ser mantido vivo. “Espero que as futuras gerações trilhem esse mesmo caminho e que a memória da Escola seja sempre renovada, trazendo à luz a sua mais fiel história, orgulho de todos nós. Assim a mais antiga escola de Engenharia permanecerá viva, cumprindo seu verdadeiro papel, formando cidadãos engenheiros para a construção de um Brasil mais justo, igualitário e digno de todos os brasileiros”, defendeu.

Fechando a comemoração de um momento classificado por muitos como “histórico”, o presidente do Cube de Engenharia, Pedro Celestino registrou que a influência da Escola Politécnica vai muito além de seus próprios muros, estando relacionada diretamente com a história do Clube de Engenharia. “O Clube nasce da Escola Nacional de Engenharia. Ela é a sua raiz. É o berço da Engenharia brasileira. É o berço da visão pública, da construção do país. Dela saíram os que possibilitaram nos transformar de país colonial, colonizado, dependente, subalterno nesse país em que nós vivemos hoje, que ainda é uma das maiores economias do mundo. Essa Escola tem história e trajetória: Paulo de Frontin, Rebouças, Saturnino de Brito, Hélio de Almeida, Plínio Catanhede. Diferentes momentos da construção do país criaram esse amálgama, essa visão que nos une, independentemente de visões políticas e ideológicas. Esse compromisso com a construção do país. E o que o nosso querido professor Helói faz ao nos brindar com este livro é preservar a nossa memória. Nós somos, como Nação, muito jovens. Temos pouco mais de 500 anos. Se não tivermos esse compromisso que o professor Helói assumiu, estaremos mal no vir a ser. Porque é a partir da memória, do que fizemos que o vir a ser será melhor do que temos no presente”, finalizou o presidente  do Clube de Engenharia.

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