Segundo bombeiros, estradas não recuperadas aumentam vulnerabilidade local

Não são apenas as áreas de risco que podem sofrer com o caos causado por fortes chuvas. Segundo o Cel. do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, Douglas Paulich Júnior, estradas e vias não recuperadas após as chuvas também resultam em locais mais vulneráveis. “Acidentes que aconteceram há 10 anos e ainda não houve recuperação efetiva de estradas causarão novos acidentes em chuvas futuras. Se os locais danificados não forem reformados a vulnerabilidade aumenta muito”, destaca o Coronel, que também é Diretor Geral de Defesa Civil. Esse e outros assuntos foram debatidos em mais um Fórum de Acidentes Naturais, organizado pela Divisão Técnica de Recursos Naturais Renováveis do Clube de Engenharia (DRNR). O evento aconteceu no dia 29/01 e contou com a presença de especialistas da área. 

O estímulo à chamada cultura de prevenção também foi destacado por Douglas Paulich, com destaque para a necessidade de investimentos pesados em campanhas para a mudança cultural da população, de forma que ações de prevenção sejam viabilizadas. “Uma das formas de criar essa cultura é através das Unidades de Proteção Comunitária (UPC) para prevenção”, frisou. Segundo Douglas, até março serão instalados mais de mil blocos de sirenes em todo o estado do Rio e a UPC será peça-chave na prevenção de catástrofes. “Esse investimento não corresponde nem a 10% do valor necessário para a mitigação dessas catástrofes. É muito mais barato prevenir do que remediar”, destacou.

As UPCs têm como objetivo estabelecer diretrizes e informações para a adoção de procedimentos que, em conjunto com a Defesa Civil, salvarão vidas e patrimônios. Entre as propostas dessas Unidades está a de colaborar com a elaboração dos Planos Diretores Locais de Defesa Civil; acelerar a implantação de Núcleos de Defesa Civil em bairros; capacitar os Agentes de Defesa Civil, componentes dos Núcleos e Comissões de Defesa Civil para ações relacionadas com a avaliação de riscos e prevenção de desastres, entre outras.

O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, esteve presente na abertura do evento e parabenizou a DTE que promove e mantém encontros sucessivos para debater acidentes naturais. “Isso é fundamental, é de interesse nacional e deveria mobilizar mais profissionais da área para trazer ainda mais informações e debates técnicos. Os investimentos para prevenir catástrofes são muito menores do que para mitigar. É uma tecla que o Clube precisa continuar batendo. Precisamos trazer ainda mais subsídios técnicos para isso”, enfatizou Francis.

Uiara Martins, chefe da DRNR, valoriza a importância das parcerias que o Fórum vem realizando. “O Departamento de Recursos Minerais (DRM) tem sido grande parceiro do Fórum, assim como a Defesa Civil, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro”, destacou.

Representando o INEA, o chefe do Sistema de Alerta de Chuvas, Luiz Paulo Viana, esclareceu  como funcionam os sistemas de alerta de riscos. Ingrid Lima, gerente do Núcleo de Análise e Diagnóstico dos Escorregamentos do DRM tratou da atuação do órgão e dos acordos firmados com serviços geológicos de todo o país. O papel do geógrafo foi destacado pelos representantes das prefeituras de Petrópolis – Ricardo Branco – e Angra dos Reis – Marcos Oliveira. Segundo os membros da Defesa Civil das duas cidades, as parcerias com geólogos do INEA e do DRM são essenciais. Eles também apontaram dificuldades, como a de contratar geólogos para o mapeamento de risco. “Temos muitos obstáculos, mas um dos principais é o salário. A iniciativa privada paga muito mais que o serviço público, por isso temos dificuldades para contratar geólogos”, explicou Marcos Oliveira.

Um intenso debate sobre o papel do poder público para mobilizar e conscientizar a população encerrou o evento. A plateia apontou casos como a Defesa Civil de Cuba, que precisa lidar com problemas muito maiores que o Brasil como, por exemplo, tornados e furacões. No entanto, as tragédias são minimizadas devido à grande mobilização do povo cubano e da cultura de prevenção criada ao longo de décadas. A grande conclusão esteve em torno do empoderamento da população através do diálogo e de iniciativas sérias e contundentes do poder público para evitar novas tragédias.

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