O concreto armado, estrutura constituída de concreto com armadura de barras de aço, é amplamente utilizado no Brasil há mais de um século, e mais resistente do que o concreto sem as barras de aço. No entanto, é menos resistente do que o concreto protendido, outra forma de estrutura com o uso de aço que começou a se destacar no país. Para apresentar as características dessa alternativa na área de construção, o Clube de Engenharia promoveu a palestra “O Concreto protendido no Brasil e no mundo”, do professor Roberto Chust Carvalho, em 6 de abril. O evento foi realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Educação Continuada (INBEC), com o apoio da Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e da Divisão Técnica de Estruturas (DES).
A técnica da protensão
O concreto costuma ser muito vulnerável a fissuras, quando desprovido de qualquer estrutura de aço junto a ele. Isso ocorre porque o material tem pequena resistência à tração. A protensão é uma compressão prévia do concreto através do uso de cabos de aço de alta resistência, tracionados e ancorados no próprio concreto. O aço confere uma tensão de compressão muito mais alta, e consequentemente, maior resistência.
Concreto armado versus protendido
No concreto armado, a barra de aço adere ao concreto de tal modo que toda a estrutura se deforma junto ao longo do tempo. Se a tensão atingir o limite da resistência tração do concreto haverá fissura. Já na protensão, a armadura de aço será distendida previamente ou após a concretagem, sem contato direto com o concreto, e posteriormente um sistema de ancoragem continuará a manter a compressão. Nessas condições, a estrutura pode nunca chegar a fissurar. Diferentemente das barras de aço do concreto armado, o protendido tem conjuntos de fios pequenos, porém resistentes, entrelaçados em hélice. Na palestra, Roberto Chust detalhou os cálculos necessários para o uso do concreto protendido, explicou todo o processo construtivo da formação da estrutura, além das variações de protensão.
As vantagens
O concreto protendido apresenta diversas vantagens. No sentido da construção, ele é mais leve, tem maior durabilidade, boa resistência ao fogo e é adequado à pré-moldagem. Como mostrou o professor, a técnica da protensão está presente em muitas estruturas pré-fabricadas. A armadura, neste modelo, tem um terço do comprimento da armadura do concreto armado, o que prova as vantagens econômicas: embora os aços de protensão tenham maior custo, para a mesma resistência desejada utiliza-se uma quantidade menor. É também uma opção para uma obra mais resistente com o uso de aço, mas sem a técnica da estrutura mista, que é mais suscetível a incêndios e mais cara.
Para uma plateia lotada de estudantes e profissionais, Roberto Chust apresentou diversos exemplos de obras, de sua própria experiência e de outros profissionais, como pontes, escolas, reservatórios e shoppings em cidades brasileiras e no exterior.