Durante evento no Clube de Engenharia, Randolfe Rodrigues apresenta livro que resgata importância de panfletos em processo da Independência
Durante o evento “Bicentenário da Independência: legado e desafios”, realizado na última segunda-feira (05/09) no Clube de Engenharia, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) fez um balanço dos trabalhos da comissão que coordena no Senado Federal que trata das comemorações da data. Uma das principais contribuições do grupo para a melhor compreensão sobre o período em que o Brasil se formou como nação é o lançamento do livro “Vozes do Brasil: a linguagem política na Independência (1820-1824)”. A obra traz panfletos divulgados na época e resgata as diferentes visões que eram difundidas na época pelo país.
O senador, em sua palestra, contou como a comissão chegou a esse material, que estava guardado em Washington, nos Estados Unidos. Os manuscritos, bem como uma riquíssima bibliografia sobre a história do Brasil, foram reunidos pelo diplomata Manoel de Oliveira Lima, e depois doados à Universidade Católica de Washington. Neles estão manifestações espontâneas sobre acontecimentos da época e opiniões sobre os rumos que o Brasil deveria tomar.
Randolfe ressaltou que com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808, houve pela primeira vez a permissão para a atividade tipográfica no país, culminando com o advento da imprensa nacional. Paralelamente aos jornais, eram impressos panfletos, muitas vezes chamados de papelinhos incendiários, por seu conteúdo contestador. Eles foram microfilmados e repatriados pela comissão do Senado, sendo que 21 deles selecionados para constarem nessa obra, que traz também análises sobre eles.
“Essa é uma publicação da qual nos orgulhamos muito porque ela também traz o debate sobre os três projetos que estiveram em curso naquele 1822”, declarou o senador.
Segundo ele, estavam em curso há 200 anos o projeto concentrado no Grão-Pará de manutenção da união com Portugal; o dos estados do Nordeste, que propunham a criação de uma república federativa; e o do Rio de Janeiro, de uma monarquia com a união de todas as capitanias, depois transformadas em províncias do Império.
O senador, que doou um exemplar para a Biblioteca do Clube, também destacou a importância dos panfletos em diversos movimentos populares e revolucionários em todo o mundo e contou que a comissão continuará seus trabalhos de resgate e de aprofundamento desse período da história.
A economista e membro da comissão Esther Bemerguy também ressalta a importância dessa publicação: “O que mais chama a atenção nesses panfletos é que eles trazem as narrativas que não são as narrativas oficiais, da história oficial. A história oficial mostra muitas vezes essa transição para a Independência como um momento pacífico no país, sem muitos conflitos. Não é verdade”.