A Petrobras está fazendo um movimento sem precedentes: é a primeira vez na história que uma empresa do setor do óleo e gás abre mão espontaneamente dos seus ativos. São nove unidades industriais inclusas no plano de desinvestimento a ser executado até o final de 2021. Destas, cinco são de médio/grande porte, adaptadas para processar derivados ao mesmo tempo que geram produtos com padrões mundiais de qualidade.
O material disponibilizado pelo engenheiro Elie Abadie, consultor sênior e ex-membro da equipe de R.H. da Universidade Petrobras, aposentado desde julho deste ano, apresenta detalhes sobre a atual situação do refino no Brasil e explica o que representa a venda de cerca de 50% da capacidade de refino do país.
É nas refinarias que acontece uma fase importante da cadeia de exploração e venda de petróleo: o óleo bruto passa pelos processos químicos de limpeza e refino, produzindo derivados essenciais para o cotidiano das pessoas. São essenciais para dominar toda a cadeia da produção de óleo, uma vez que os processos químicos para destilação, conversão e tratamento do óleo são responsáveis por aumentar o aproveitamento do produto, bem como o seu valor de mercado.
A Petrobras conta com 13 refinarias distribuídas por todo o território nacional, que trabalham para suprir a demanda crescente de derivados de petróleo no Brasil. Destas, nove foram colocadas à venda. A ideia é que a empresa deixe de atuar em todos os estados brasileiros fora do eixo Rio – São Paulo – Espírito Santo. Abadie destaca que com a perda parcial do mercado de derivados, o lucro líquido e a geração de caixa diminuirão consideravelmente, algo perigoso em um momento em que a Petrobras lida com grande dívida externa a pagar, o que pode levá-la à insolvência financeira.